Se a Seleção Brasileira se classificou para o mata-mata, eliminou a França e está na final dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, muito desse resultado se deve às atuações destacadas da goleira Lorena. Ela, que tem sido um verdadeiro paredão durante a competição, foi novamente decisiva nesta terça-feira (6) contra a Espanha, no Vélodrome, em Marselha. A Amarelinha venceu as europeias por 4 a 2 e se garantiu na partida que vale a medalha de ouro.
Com um jeito introvertido de se expressar, a timidez nas palavras é camuflada pela dominância e imposição debaixo das traves. Contra as espanholas, as atuais campeãs mundiais, a arqueira do Grêmio precisou fazer diversas defesas ao longo do jogo para assegurar a vaga na decisão.
“Estou muito feliz de conseguir entregar o meu melhor, estou dando a vida em todos os jogos. Trabalhei muito pra chegar nesse momento. As minhas companheiras, Tainá e Luciana, e o nosso preparador de goleiros, Edson Junior, me ajudam bastante com todo o apoio. Só tenho que agradecer a Deus por me proporcionar esses momentos”, vibrou.
Para esta terça, o treinador Arthur Elias não teve Antônia e Thamires à disposição, machucadas e fora da Olimpíada, nem Marta, suspensa por dois jogos após expulsão contra a Espanha, ainda pela fase de grupos. Com os desfalques, Lorena afirmou que as atletas escaladas também jogaram pelas companheiras ausentes.
“Jogamos pela Marta, que infelizmente não pôde estar com a gente por causa do cartão vermelho, e por todas as meninas que estavam machucadas. Acho que isso foi fortalecendo o nosso grupo e hoje a gente colocou o coração na ponta da chuteira. Todas se entregaram dentro de campo, colocamos o pé na bola. Tenho certeza de que a gente conseguiu dar um show para quem estava vendo o jogo”, disse.
Com 28 partidas pela Seleção e 24 gols sofridos, Lorena já se consolidou como uma das grandes goleiras do país. Esteve perto de ser convocada para a Copa do Mundo Feminina em 2023, se não fosse por uma ruptura no ligamento cruzado anterior do joelho esquerdo. Um ano depois da lesão, ela recuperou o alto nível e voltou a ser uma das protagonistas da Seleção.
“A minha ficha não caiu, para ser sincera. Parece que estou vivendo um sonho. Sempre sonhei com esses momentos, de estar disputando grandes campeonatos pela Seleção. Agora é comemorar muito, porque a gente fez um baita jogo, e se preparar para entregar tudo de novo na final, que será também uma grande partida”, comemorou.
Disputar a final para brigar pela medalha de ouro é um desejo de infância de Lorena, que revelou que assistiu à final de Pequim 2008, quando tinha apenas 11 anos. Enquanto acompanhava os jogos da Seleção, dizia a sua avó que um dia seria ela a jogar pela Amarelinha.
“Se eu não me engano, assisti ao jogo, mas era bem pequena. A minha avó me conta que durante os poucos jogos transmitidos na televisão, eu falava pra ela que queria estar ali, que um dia ela me veria jogando na Seleção. E, hoje, isso está acontecendo, é a realização de um sonho particular”, contou.